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"Ela Disse, Ele Disse" cumpre o objetivo como um produto de entretenimento, mas perde a chance de ir além – considerando seu público-alvo.

“Ela Disse, Ele Disse” cumpre o objetivo como um produto de entretenimento, mas perde a oportunidade de ir além – considerando seu público-alvo.


DDepois de Fala Sério, Mãe!, outro livro de Thalita Rebouças ganha uma adaptação para o cinema: Ela Disse, Ele Disse estreia e mantém, assim como o anteriormente citado, as narrativas no mundo infanto-juvenil. E, apresentando, a perspectiva dos jovens Rosa (Duda Matte) e Leo (Marcus Bessa), o filme aborda a experiência de viver um ano escolar, em uma nova escola.

Ela Disse, Ele Disse deixa de inserir a troca de pensamentos entre os personagens principais para mostrar um convívio mais amplo entre os adolescentes do colégio, sem perder a fidelidade ao livro. Ali, no ambiente escolar, existem as panelinhas clássicas: a turma do Confusão, os nerds, e a garota popular, Júlia, interpretada por Maisa Silva. No corpo docente, o clichê passe pela durona diretora Madalena (Maria Clara Gueiros), a professora Fátima (interpretada pela blogueira Bianca Andrade), considerada a mais fofa do colégio, e o zelador Zuza (Aramis Marques), amigo dos alunos. O elenco é reforçado com Fernanda Gentil, no papel da mãe da protagonista Rosa, e Ângelo Paes Leme, como pai do Leo.

A dupla protagonista, Marcus Bessa e Duda Matte

A equipe cinematográfica, majoritariamente feminina, com a direção de Cláudia Castro, roteiro de Tati Ingrid Adão e Thalita Rebouças, e produção de Paula Barreto, reflete na protagonista ideais feministas e um discurso contra a masculinidade tóxica. Em contra partida, Ela Disse, Ele Disse ainda tem uma visão estadunidense sobre as escolas, com bailes de formatura e o ambiente escolar hollywoodiano – bem diferente da realidade brasileira.

Capa do livro que deu origem ao filme

O ponto mais alto do longa fica por conta dos alunos do nono ano do ensino fundamental, que se juntam para fazer um vídeo contra a expulsão de Rosa e Leo – mas sem spoiler do porquê. O filme se mostra muito consciente do uso de estereótipos para montar a narrativa, mas tenta mostrar cenas de representatividade e hashtags incentivando o amor, como #quembeijaémaisfeliz.

Ao final, Ela Disse, Ele Disse cumpre o objetivo de entreter, porém deixa a desejar no aprofundamento dos temas citados a cima. Era uma boa oportunidade de mostrar aos jovens que os estereótipos existem para serem quebrados, que o bonito é ser do seu jeito ou para gerar uma discussão sobre bullying e até abordar temas da comunidade LGBTQIAP+. Infelizmente, fica pra próxima…

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