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"Efeito Pigmaleão" impacta o espectador na forma dura e madura com que aborda o ambiente escolar e suas possibilidades temáticas.

“Efeito Pigmaleão” impacta o espectador na forma dura e madura com que aborda o ambiente escolar e suas possibilidades temáticas.


UUma das maiores vantagens do catálogo Netflix é nos dar acesso a produções internacionais e propiciar uma fuga dos gêneros norte-americanos. Com produtos vindos dos cinco continentes, chegou a plataforma mais um longa francês que tem em sua essência o realismo e o drama periférico. Efeito Pigmaleão usa de um ambiente escolar para abordar questões íntimas do ser humano, que vão do perdão a crença em si mesmo.

https://www.youtube.com/watch?v=UtHiFzNvTxU

Acompanhamos um ano letivo na escola pública da cidade de Saint Denis, seus diversos alunos e em especial a conselheira/inspetora da escola, Samira Zibra (Zita Hanrot), e Yanes (Liam Pierron), um promissor jovem que se vê engolido pelo caos de sua situação social. Dirigido por Mehdi Idir e Grand Corps Malade, o longa abusa de cores frias em sua fotografia, ressaltando a melancolia do lugar. Em contraste, o figurino, com cores fortes e vívidas em pontos bem delimitados, traz a lembrança da juventude e das alegrias da idade. Esse contraste pode ser visto especialmente na cena da festa, em que os tons vermelhos se sobressaltam expressando o êxtase do momento.

Apesar de parecer pouco imersivo à primeira vista, Efeito Pigmaleão se aprofundar na vivência de seus personagens, entregando protagonistas dimensionados e bem trabalhados em suas atuações. Explorando temas e situações de precariedade, somos apresentados a diferentes realidades. Do aluno que rouba merenda da escola para alimentar os irmãos em casa, ao aluno que tem o pai preso, somos inseridos em um ambiente realista e não romantizado, que agrega carga dramática e facilita a identificação do espectador.

Porém, muitas vezes essa imersão é quebrada por atuações pouco desenvolvidas e caricatas de personagens secundários. O filme conta com um elenco extenso dos quais muitos atuam pela primeira vez, e tal defasagem transparece em diálogos travados e pouco naturais.

O grande acerto de Efeito Pigmaleão , entretanto, é mostrar o real efeito dominó dentro da instituição. Assim como diz seu nome, o “efeito pigmaleão” é um termo trazido da psicologia que relaciona as altas expectativas a melhores resultados. Dentro do ambiente escolar esse fenômeno é destrinchado ao mostrar a melhoria no desempenho da turma de “delinquentes” a partir de um voto de confiança e estímulos do professor responsável e da conselheira.

Sem a pretensão de idealizar as escolas, o longa se aprofunda nos reflexos de uma má gestão: o mal comportamento dos professores e inspetores reflete nos alunos e vise versa. Piadas inapropriadas, comentários e ações que não cabem aquele ambiente e até mesmo questões ilegais são mostradas entre os dirigentes, provando que entre eles e os caóticos alunos existem mais semelhanças que diferenças.

Em termos técnicos, o longa conta com uma ótima produção sonora que combina muito bem músicas e atuações, dando um compasso ritmado ao filme. O uso do silêncio absoluto também é explorado, concentrando a carga dramática. Em contrapartida, a produção se utiliza de muitos termos técnicos e abreviações pouco intuitivas, que podem ser comuns entre os funcionários da escola, mas causam certo estranhamento ao espectador.

Efeito Pigmaleão é muito mais que uma película com a temática escolar. Ele se destaca ao sair da mesmice trazendo uma realidade bruta e de difícil digestão, que conflita com os prazeres da idade escolar. Ao debater sobre o papel social de professores e alunos para a construção de um futuro promissor, o filme admite a construção de um sistema falho e reflete sobre as necessárias mudanças nas escolas.

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