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“Colette”: o nascimento de uma escritora

Estrelado por Keira Knightley, “Colette” conta a história de uma famosa escritora do século XX, enquanto aborda temas como empoderamento feminino.


Com uma carreira de 23 anos e papéis importantes, a atriz Keira Knightley é conhecida por atuar, principalmente, em filmes de época, como Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003), Orgulho e Preconceito (2005), A Duquesa (2008) e Anna Karenina (2012). Por mais que alguns papeis sejam parecidos, cada personagem sempre tem uma singularidade que se destaca e a atriz sempre se entrega aos papéis com grande maestria. Agora, em dezembro, o seu mais novo filme, Colette, estreou nos cinemas brasileiros.

O longa é inspirado na história da autora Sidonie-Gabrielle Colette (Knightley), ou simplesmente Colette, uma jovem francesa que vive no interior da França com seus pais, Sido (Fiona Shaw) e Jules (Robert Pugh). Porém, a vida da jovem escritora muda após ela conhecer Willy (Dominic West), um famoso escritor por quem se apaixona. Depois do casamento, o casal vai morar em Paris, que se destaca por ser uma cidade artística e intelectual.

Com o novo estilo de vida que levam na capital francesa, que exige gastos exorbitantes, não demora para que Willy comece a ter dificuldades financeiras. Então, para manter o alto padrão de estilo de vida que levavam, ele sugere que Colette vire escritora-fantasma – ela escreveria um livro, enquanto ele assinaria como autor. Apesar de se sentir insegura em relação ao assunto, Colette resolve aceitar a ideia e utiliza suas vivências e experiências da vida no campo como inspiração. É dessa forma que acaba surgindo o romance Claudine, publicado em 1900, se tornando um verdadeiro sucesso.

Dominic West e Keira Knightley são Willy e Colette, respectivamente

Sendo um verdadeiro best-seller, é sugerido que uma continuação da história seja publicada. Acompanhando o sucesso, diversos produtos como cigarros, balas e roupas começam a levar o nome do livro, o que aumenta ainda mais os lucros do casal. Assim, Claudine se torna uma marca famosa, enquanto Willy é considerado um gênio.

Com os problemas financeiros do casal no fim, a relação deles começa a se desgastar. Colette se envolve com Georgie (Eleanor Tomlinson), uma jovem recém-casada, e logo descobre que Willy também está se encontrando com ela, que começa a se envolver com Missy (Denise Gough). Para a época, Missy podia ser considerada uma mulher peculiar: ela se veste como um homem, e seu corte de cabelo curto também segue o padrão masculino. Logo, Colette se vê interessada e fascinada por Missy, seguindo um relacionamento meramente sexual, sem nenhum tipo de compromisso. Contudo, não se pode negar a amizade que acaba nascendo entre as duas e Missy é a grande responsável em abrir os olhos de Colette para o mundo a sua volta, assim como para a angústia existente em seu casamento. A moça sabe que não foi Willy que escreveu Claudine e consegue enxergar a manipulação emocional que ele faz com Colette.

Denise Gough da vida à Missy, par romântico de Colette

Dirigido por Wash Westmoreland, de Para Sempre Alice (2014), o longa consegue retratar de maneira grandiosa a vida de Colette, fazendo jus ao trabalho da escritora francesa mesmo com uma trama de ritmo lento. Com um roteiro bem trabalhado, com personagens complexos e bem desenvolvidos, o filme conta uma história envolvente sobre transformação, liberdade e empoderamento feminino. É, facilmente, um dos melhores trabalhos de Knightley em toda sua carreira. Na película, ela consegue retratar muito bem a mudança sofrida pela personagem, que, de garota ingênua do campo, se torna uma mulher confiante e cheia de ideias; algumas à frente do pensamento da época. E toda essa transformação de Colette ocorre de forma ritmada com o roteiro do filme.

Gabrielle Colette, escritora que dá título ao filme biográfico

Por sua vez, Dominic West representa um papel consistente do início ao fim. Por mais que seu personagem fale diversos absurdos (como a sua visão de que as mulheres são inferiores aos homens, exceto quando o assunto é traição; “os homens precisam disso, não são tão fortes quanto as mulheres”), é fácil perceber que ele acredita fortemente naquelas ideias. No geral, West e Knightley passaram grande credibilidade ao formarem um casal típico do século XX.

Ainda, Colette faz um excelente trabalho na construção de Paris durante o início do século XX – que por si só é bastante fotogênica, apresentando cenários belíssimos. Além disso, eles conseguem contextualizar muito bem toda a euforia envolvida na Belle Époque, período em que os avanços científicos e a arte (movimentos como o art noveau e impressionismo) foram exaltados. Os figurinos de Andrea Flesch ajudam a compor esse clima presente do século, sem contar que as roupas mostram toda evolução pela qual Colette vai passando.

Keira Knightley como Colette

Colette vai muito além do que apenas retratar a vida de Sidonie-Gabrielle Colette. O filme conta uma história poderosa, emocionante e inspiradora (assim como a própria escritora e suas obras), sendo possível ver algumas questões atuais sendo abordadas, mesmo com uma ambientação na Paris do século XX – como o empoderamento feminino ou sobre relacionamentos abusivos. Com um enredo consistente do início ao fim, e ótimas atuações, a película entrega com peso na temporada para o Oscar.


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