fbpx
"Arlequina em Aves de Rapina" traz uma renovação necessária para o gênero dos super-heróis, em um filme divertidamente pertubado.

“Arlequina em Aves de Rapina” traz uma renovação necessária para o gênero dos super-heróis, em um filme divertidamente pertubado.


EEm 2016, o lançamento de Esquadrão Suicida não teve a recepção esperada. Embora tenha se dado bem em termos de bilheteria, o filme protagonizado pelos anti-heróis da DC Comics foi massacrado pela crítica. Nem mesmo os nomes de peso no elenco como Will Smith, Viola Davis e Jared Leto, interpretando o consagrado vilão Coringa, conseguiram salvar o longa. Porém, um grande ponto positivo se destacou: a Arlequina de Margot Robbie.

 

Nasce Uma Estrela

A personagem, que no original é conhecida como Harley Quinn, foi criada em 1992 por Paul Dini e Bruce Timm para aparecer apenas em um episódio do desenho Batman: A Série Animada (1992-1995). Mas sua primeira aparição foi também a primeira vez que a personagem do universo da DC Comics fez sucesso com o público, o que a levou a ser inserida em outros episódios posteriores da animação. Em 1994, a personagem chegou aos quadrinhos na história Mad Love, que faz parte da série literária The Batman Adventures. Em 2001, ela ganhou sua própria série de HQs. E em Esquadrão Suicida, Arlequina é apresentada nas telonas pela primeira vez.

Harley x Harley: a Arlequina do filme “Aves de Rapina” e a personagem original do desenho animado

Anteriormente conhecia como Dra. Harleen Quinzel, Harley trabalhava como psiquiátrica no Manicômio Arkham, na cidade de Gotham, lar do Batman e de seu eterno antagonista Coringa. O Palhaço do Crime era inicialmente paciente da brilhante e promissora médica no instituto, mas a personagem acaba criando uma paixão obsessiva por ele, que a leva à completa loucura. Harleen o ajuda a fugir e juntos eles se tornam o principal casal de vilões da cidade.

A divertida e desequilibrada vilã roubou a cena e se tornou uma figura de destaque da cultura pop atual. Agora, em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, agora apenas Arlequina em Aves de Rapina, a personagem ganha oficialmente o protagonismo e a missão de liderar o seu próprio esquadrão.

 

Aventura Fantabulosa

Dirigido por Cathy Yan, o filme se passa na fictícia cidade de Gotham, onde encontramos uma Arlequina recém separada de seu companheiro de crime e namorado Coringa. Muito mais do que um coração partido, a anti-heroína também precisa lidar com vários desafetos que ela irritou no passado, que agora buscam por vingança já que ela não conta mais com a proteção do Palhaço do Crime. Na lista, o principal deles é Roman Sionis, o Máscara Negra, interpretado por Ewan McGregor.

Margot Robbie, que também é produtora da obra, disse em entrevista que queria que a história do longa não fosse maior do que a de um filme de máfia. Então, ao invés de salvar o universo, o enredo gira em torno de recuperar um diamante. É uma decisão acertada que dá a película identidade própria.

Durante a sua jornada, Arlequina se une a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), a Detetive Renee Montoya (Rosie Perez) e Cassandra Cain (Ella Jay Basco). Em tempos que a temática do empoderamento feminino está se destacando em produções do gênero, como Mulher-Maravilha e Capitã Marvel, Aves de Rapina consegue trabalhar isso de forma natural, sem copiar seus antecessores. A união das protagonistas acontece de forma orgânica e divertida quando todas percebem seu inimigo em comum.

Apesar de representado por Máscara Negra, fica claro que a luta delas é contra todo um sistema de pensamento machista que diminui e descredibiliza mulheres. McGregor, inclusive, brilha nesse papel. Mesmo sendo um vilão megalomaníaco e classicamente egocêntrico, ele e seus capangas incorporam muito bem a ideia. Algumas cenas que, para um expectador distraído podem passar despercebidas, automaticamente vão incomodar mulheres que já se viram em situações parecidas, tão comuns no nosso dia-a-dia.

Da esquerda pra direita: Renee Montoya, Caçadora, Harley Quinn, Cassandra Cain e Canário Negro. / (Foto: Claudette Barius.)

A narrativa não linear, cheia de flashbacks e voltas no enredo nos insere no caos que é a mente da perturbada Arlequina. No início do filme isso pode ser um problema, deixando a história um pouco bagunçada e confusa. Mas, assim que encontra seu tom, o longa se torna divertido e cativante, com ótimas cenas de luta e personagens carismáticas e cheias de personalidade.

 

Poder Feminino

Pôster nacional

Um ponto importantíssimo da produção é a presença dominante de mulheres não só na tela, mas também atrás das câmeras. A comparação das imagens de Margot Robbie caracterizada para viver a mesma personagem em Esquadrão Suicida e em Aves de Rapina já serve como uma pequena aula da discrepância entre o olhar masculino (que sempre dominou o cinema) e do olhar feminino. Isso fica evidente não só nas roupas que as personagens usam mas em todos os aspectos do filme, fruto de um roteiro e direção que tomam o cuidado de representar mulheres como… mulheres.

Paralelamente, a trilha sonora, que conta apenas com intérpretes femininas (Halsey, Normani e Megan Thee Stallion são alguns dos nomes presentes) nos embala perfeitamente durante a história e, junto com a estética de Aves de Rapina, as músicas do Birds of Prey: The Album nos ajuda a mergulhar na maluca perspectiva de Arlequina. No curso do filme (e do compilado), vemos repaginações de músicas clássicas, como Diamonds Are a Girl’s Best Friend e Hit Me With Your Best Shot, além de originais como o single Boss Bitch, de Doja Cat.

Arlequina em Aves de Rapina evidencia mais uma vez como filmes com mulheres no protagonismo (na frente e atrás das câmeras) são uma renovação necessária no gênero, não só pela importante representação para a sociedade, mas também para trazer pontos de vista diferentes sem dever em nada na qualidade.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Filmes
Carolina Cassese

Reflexos assustadores

“Nós” faz um inteligente jogo de sentidos e percepção para entregar mais uma obra prima de Jordan Peele, desta vez focado nos EUA. Depois do sucesso de Corra!, em 2017, o público e a crítica aguardavam com ansiedade o novo trabalho de Jordan Peele. Quando o elenco foi revelado, as expectativas só aumentaram. Nomes como Lupita Nyong’o, Winston Duke e Elisabeth Moss foram confirmados. O aumento no orçamento disponível para o diretor (de U$4,5 milhões, em Corra!, para U$ 20 milhões, neste) só fizeram com que muitos holofotes estivessem voltados para a produção, tornando-a uma das estreias mais esperadas de

Leia a matéria »
Back To Top