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"Anos 90", primeiro filme dirigido por Jonah Hill, é uma bela e profunda história sobre um momento específico do processo de crescimento.

“Anos 90”, primeiro filme dirigido por Jonah Hill, é uma bela e profunda história sobre um momento específico do processo de crescimento.


Em um primeiro olhar, Anos 90, filme que marca a estreia de Jonah Hill como diretor, pode parecer somente mais um “coming of age”. Contudo, com pouco tempo de projeção somos capturados pela delicadeza com que Hill recria suas próprias aflições, memórias e sentimentos nostálgicos de toda uma geração.

Assinando também o roteiro do longa, Jonah narra a passagem da infância para a adolescência de Stevie (Sunny Suljic). O jovem, fofo e deslocado em seu meio, está inserido em uma família em que sua jovem mãe, vivida por Katherine Waterston, ainda vive a intensidade amorosa da jovialidade, enquanto seu irmão mais velho (Lucas Hedges) se fecha e protege pelo posicionamento da dureza e violência. Toda a solidão e desamparo em uma das fases mais conturbadas para qualquer jovem ganha uma nova conotação, ou pelo menos uma nova possibilidade, quando Stevie é acolhido por um grupo de skatistas da periferia de Los Angeles.

Neste cenário urbano de um subúrbio periférico estadunidense, Anos 90 recria a atmosfera de uma geração que cresceu entre a efervescência da década de 80 e a reinvenção tecnológica da geração millenials. É uma captura de um momento muito específico de uma juventude acostumada a viver com o politicamente incorreto inofensivo como regra, com palavrões exagerados, comentários de todos os tipos sem peso nenhum e fumando um cigarro independentemente da idade. É o resgate de uma falta de pudor que marcou uma geração, beirando a sensação de que esses jovens são até mesmo um pouco idiotas.

Contudo, o diretor retrata cada personagem como muita personalidade e delicadeza, evidenciando as fragilidades e inseguranças de pessoas que estão se colocando no mundo e formando seus pensamentos e convicções. A maturidade de Hill dentro da indústria cinematográfica é percebida não só no esmero com que comanda Anos 90, mas nas escolhas sutis e interessantes para contar a história e transmitir as sensações corretas. Sem didatismo ou explorar de recriações batidas de momentos marcantes de uma adolescência, Jonah Hill apresenta Stevie como o símbolo de uma geração perdida e sem rumo, marcando a virada de sua maturidade nas pequenas coisas como a troca de um pôster de um programa de desenho animado para figuras mais adultas.

Por mais que recrie e dialogue diretamente com uma época específica, a busca pela sensação de inclusão, amor e pertencimento que o protagonista tem é universal. É um trabalho de construção dramática e envolvimento narrativo muito interessante, que demonstram virtudes e um potencial interessantíssimo para o ator nesta nova função.

No filme de Jonah Hill, Sunny Suljic brilha como o jovem skatista Stevie

Ao final, Anos 90 é mais do que um inofensível coming of age, ganhando mais profundidade ao retratar os vazios, a solidão e as incertezas de um dos momentos mais inseguros para qualquer jovem. Tudo, feito com muita sutileza, sensibilidade e nostalgia. Uma surpreendente estreia para Jonah Hill na direção e uma oportunidade para o público mergulha no olhar sensível e maduro deste novo diretor.

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