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"A Dama e o Vagabundo" chega com um live action que revive a animação canina da Disney com ainda mais emoção e simpatia.

“A Dama e o Vagabundo” chega com um live action que revive a animação canina da Disney com ainda mais emoção e simpatia.


PPor mais que eu sempre tenha sido apaixonada pelas princesas da Disney, o meu maior xodó de infância foi A Dama e o Vagabundo. Não sei se é por ter cachorros ou pela história de amor sobre dois mundos diferentes que se ajustam bem ao final, mas tenho um carinho imenso pela animação.

Lembro perfeitamente de colocar minha fita no videocassete (bem old school) e sentir um mix de emoções. Eu ficava encantada pela meiguice da Lady, achava muita graça do Joca e do Caco, e gostava da astúcia do Vagabundo. Morria de medo dos gatos siameses, sempre fechando os olhos com a canção da dupla – juro que até hoje tenho um pouco de calafrio se escutar “viemos do Sião há três meses / E nos chamam de Siameses”. A angústia de quando a Lady era pega pela carrocinha era imensa, mas sumia completamente quando no final ficava tudo bem.

Analisando sob um olhar mais crítico atualmente, percebo que minhas primeiras fortes emoções foram sentidas através dos desenhos e filmes. Vamos combinar que Bambi e Rei Leão são grandes arrancadores de lágrimas.

Sendo tão deslumbrada por A Dama e o Vagabundo, fiquei extremamente animada com os rumores sobre um live-action e, quando o Disney+ finalmente ficou disponível no Brasil, fiz questão de assistir logo. Posso até dizer que era minha criança interior que estava ansiosa, mas para que mentir? Minha versão adulta também é apaixonada pela Disney.

Antes de começar a falar sobre o filme, já fica uma grande crítica à Walt Disney Company: não há opção de legenda ou dublagem em português. Ou há um descaso enorme com o Brasil ou eles pensam que todas os brasileiros são fluentes em inglês. E há legendas em espanhol, francês, italiano e holandês, então não é como se não existissem legendas para o longa, nós só não somos uma prioridade mesmo. Vamos melhorar isso aí, viu, Mickey?

Lady, Caco e Jackie, respectivamente

O live-action de A Dama e o Vagabundo começa bem parecido com a animação. A pequena Lady (com a voz de Tessa Thompson), um cocker spaniel americano, chega à família no Natal, como um presente de Jim Querido (Thomas Mann) para a Querida (Kiersey Clemons). A versão em carne e osso de Lady é uma cópia perfeita da animação, com os mesmos olhos meigos e jeito encantador. Todo o cenário da casa me transportou diretamente para a minha infância, sendo tudo como eu imaginava no mundo real. Até então, a única diferença foi mostrar o corpo todo de Jim Querido e Querida, pois eram somente pernas e vozes na animação.

Lady vive seus dias sendo a rainha da casa, extremamente mimada pelo casal e numa vida de luxo. Quando não está com eles, passa o tempo com os cachorros vizinhos, Caco (com a voz de Sam Elliott), um cão de São Humberto, e Jackie (com a voz de Ashley Jensen), um terrier escosês, que têm o mesmo estilo de vida que ela. Para quem se lembra bem da animação, o terrier escocês na verdade era um macho e se chamava Joca, mas essa alteração não teve impacto algum na história.

Em contraste com a vida pomposa de Lady, um cão vira-lata (com a voz de Justin Theroux) mora nas ruas, sempre fugindo da carrocinha, fazendo amigos em todos os cantos e vivendo cada dia de forma única. Na animação, ele já é apresentado como Vagabundo, mas no longa ele diz que não tem um nome certo. É chamado de Spot, Buddy, Scram e Pooch, mas afirma que “Quem precisa de um nome? Estou livre para ser quem eu quiser”. Se me permitem, vou continuar chamando-o de Vagabundo.

Os dias de glória de Lady mudam com a chegada da bebê Lulu – que não tinha nome na animação–, que logo vira o centro das atenções. Quando Lady é deixada sob os cuidados de Tia Sarah (Yvette Nicole Brown), que é tão maldosa quanto na animação, a protagonista de A Dama e o Vagabundo acaba indo para as ruas. Os gatos siameses de Tia Sarah da animação, que eram uma representação xenofóbica de asiáticos, com olhos bem puxados, dificuldade de fala e caracterizados como traiçoeiros, foram trocados por outra raça e ganharam uma nova música, What A Shame, composta por Janelle Monáe.

Como falei no início do texto, a Canção dos Gatos Siameses me marcou muito, mas de uma forma relativamente negativa devido o medo. A nova música, no entanto, não tem um destaque, e as alterações não possuem impacto no filme – principalmente pelos felinos aparecem em pouquíssimas cenas e não precisarem ser siameses para compor os personagens. Em uma produção de 1955, os traços xenofóbicos são explicados pela época racista, mas, para um filme lançado em 2019, é necessário fazer mudanças que retiram ofensas ou piadas de mau gosto.

O restante da história segue bem parecida com a animação. Lady é pega pela carrocinha, fica naquela prisão medonha de cachorros (acredito que não há um termo melhor) e ouve a canção He’s a Tramp cantada por Peg (com a voz de Janelle Monáe), um pequinês. Sendo um filme infantil, tudo ao final se resolve bem e Vagabundo ganha um lar ao lado de Lady, Querida, Jim Querido e Lulu – não é spoiler falar o final de um filme 70 anos depois do seu lançamento, certo?

Sem grandes mudanças, apenas com alguns ajustes necessários, A Dama e o Vagabundo traz todas as emoções que a animação deixou. No final das contas, eu particularmente acredito que esse seja o papel dos live-action: reviver os momentos de infância numa produção realista. Pequenas mudanças no roteiro são essenciais, mas para que mudar a história de um filme? Agradeço por ter mantido isso desta vez para mim, senhor Mickey.

O remake trouxe tudo o que eu queria ver e me transportou para um lugar mágico e nostálgico, onde a famosa cena do macarrão de almôndegas eram minha referência para o amor verdadeiro. A produção é simples, sem os grandes orçamentos de alguns live-actions, e acerta em cheio. A história que tão me era familiar foi a cereja do bolo de toda a minha expectativa para ter acesso ao Disney+ e conseguiu me deixar tão emocionada quanto a animação que marcou minha infância.

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