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Mickey Mouse, o famoso ratinho criado por Walt Disney, completa 90 anos desde sua primeira apariação, sendo um dos mais ícones culturais do mundo.


“Eu só espero que nós nunca percamos de vista uma coisa: que tudo começou por um rato”


É praticamente impossível encontrar alguém no planeta Terra que não tenha ouvido falar a respeito do Mickey Mouse, do Walt Disney ou da Disney. Porém, se você acha que o Mickey foi o primeiro “personagem-símbolo” da empresa, você está muito enganado. Na verdade, o personagem que teve um papel importante nos primórdios do estúdio foi o Oswald the Lucky Rabbit (Osvaldo, o Coelho Sortudo, em tradução livre). A criatura surgiu na década de 20 com o objetivo de concorrer com o Gato Félix, um verdadeiro sucesso da época. Contudo, em 1928, a Disney perdeu para a Universal Studios os direitos autorais sobre Oswald.

A estreia de Mickey Mouse em “Steamboat Willie”

Foi nesse momento que Walt Disney precisou pensar em um novo personagem para o estúdio, dando vida ao famoso ratinho Mickey. O personagem fez sua estreia no cinema através do desenho Steamboat Willie, lançado em 18 de novembro de 1928. A animação mostrava as peripécias de Mickey, um ajudante no navio a vapor “Willie” e que sonhava ser capitão. Na época em que foi lançado, Steamboat Willie também marcou época por ter sido o primeiro desenho animado sonoro.

Contudo, muita coisa mudou do Mickey de 1928 para o atual. Inicialmente, Walt pretendia chamar o personagem de Mortimer, mas esse nome era pesado e não combinava com a estética do desenho. A escolha do nome veio, então, de uma sugestão de Lillian Bounds, a esposa do criador. Além disso, em seus primórdios, Mickey bebia e fumava, e na medida que o carismático ratinho ia aumentando sua popularidade, Walt precisou mudar a personalidade do personagem e torná-lo politicamente correto em 1930.

Além do nome, roupas e personalidade, seu dublador também sofreu mudanças. Inicialmente, entre 1928 e 1946, o ratinho era dublado pelo próprio Walt Disney, sendo seguido por James G. MacDonald e, atualmente, Bret Iwan. O design do Mickey também foi sendo reformulado ao longo dos anos, e com um rabo e focinho menores, o ratinho ganhou uma aparência mais jovial. Além disso, independente do ângulo que você olhe para ele, suas orelhas sempre vão ter o mesmo tamanho e formato. Atualmente, o Mickey possui versões em 2D, 3D e até mesmo para os games.

 

Filmes em Preto & Branco

Walt Disney posa com um impresso de uma das primeiras versões do Mickey Mouse

O sucesso do ratinho foi tão grande que não demorou muito para que ele participasse de outras produções. O desenho The Opry House (1929) começa com a abertura de um teatro enquanto o Mickey está varrendo o local, enquanto ela finge que sua vassoura é um instrumento musical e parceiro de dança. Nesse momento, ele é confrontado por um frequentador do show. A banda assume a performance e em sequência, Mickey Mouse se torna a grande estrela do show. A animação foi, também, a primeira vez em que o personagem usou as suas inigualáveis luvas brancas.

O desenho When the Cat’s Away (1929) foi um remake de Alice Rattled by Rats. Algo que chama atenção desta animação é a aparição bastante incomum do Mickey e da Minnie. Embora os dois personagens ainda mantivessem suas características, eles foram retratados do tamanho de ratos comuns, vivendo em comunidade junto de outros ratos. The Barnyard Battle (1929) foi o único desenho a mostrar Mickey como um soldado, e também o primeiro a colocá-lo em combate. E em The Karnival Kid (1929), foi a primeira vez que Mickey falou. Antes desse desenho, ele apenas assobiava, ria e grunhia. E suas primeira palavras foram: “Cachorro-quente! Cachorro-quente”, que falava enquanto tentava vender cachorros-quentes em um carnaval.

Em 1932, durante o quinto Oscar, Mickey recebeu sua primeira indicação por Pai de Órfãos (1931). Além disso, Walt Disney também recebeu um prêmio honorário da Academia pela criação do Mickey Mouse.

 

Filmes Coloridos

A primeira vez que o Mickey apareceu em cores foi no desfile dos indicados ao Oscar em 1932, mas o filme criado para a cerimônia não foi liberado ao público. Dessa forma, o primeiro filme oficial em cores do Mickey foi lançado em 1935, com o Mickey, o Maestro. A história conta sobre um concerto musical que Mickey Mouse participava em um parque. Eles são aplaudidos e elogiados por terem tocado músicas de Zampa, de Louis Joseph Ferdinand Hérold. Em seguida, começam a abertura de William Tell, de Gioacchino Rossini. O fato do Walt Disney dar cor ao Mickey e mudar algumas de suas feições colocou o personagem no topo das paradas novamente, aumentando sua fama. Anos mais tarde, em 1994, o The Band Concert foi eleito o terceiro maior cartoon de todos os tempos, em uma pesquisa realizada com os profissionais de animação da época.

Ao lado de seus melhores amigos Pato Donald e Pateta (e seu cachorro Pluto), Mickey ingressou em dezenas de aventuras, algumas inspiradas em famosas histórias

Durante a segunda metade da década de 30, o personagem Pateta foi reintroduzido como uma série popular. Não demorou muito tempo para que Mickey, Pato Donald e Pateta formarem um trio amado e aclamado pelo público, protagonizando diversos filmes juntos como, por exemplo, A Brigada do Mickey (1935), Caçadores de Alces (1937), Relojoeiros das Alturas (1937), Os Fantasmas Solitários (1937), O Barco do Mickey (1938) e O Trailer de Mickey (1938).

Foi somente em 1940 que Mickey apareceu em seu primeiro longa-metragem: Fantasia. Na película, o ratinho faz o papel de aprendiz de um poderoso feiticeiro. Ele não se encontra muito disposto a fazer suas tarefas, e para facilitar as coisas decide colocar o chapéu mágico do feiticeiro, depois que o mesmo vai dormir. Com o acessório, Mickey lança um feitiço em uma vassoura, fazendo ela ganhar vida para executar a tarefa mais cansativa: encher um poço fundo usando dois baldes de água. Em um primeiro momento, o plano parece funcionar, mas não demora para a situação sair do controle e o poço transbordar. Mickey fica desesperado, uma vez que é incapaz de controlar a vassoura, que quase inundou o castelo. No fim, o feiticeiro acorda e consegue controlar a situação.

Desde o início de sua criação, Mickey tem Minnie Mouse como a sua grande amada

Para a época, o filme apresentou uma estética cinematográfica incrível. Ao mesmo tempo em que é um trabalho voltado para o público infantil, também incorpora músicas clássicas de compositores inesquecíveis como O Aprendiz de Feiticeiro, de Paul DukasA Sagração da Primavera, de Igor StravinskiSinfonia Pastoral, de BeethovenDança das Horas, de Amilcare PonchielliUma Noite no Monte Calvo, de Mussorgsky, e Ave Maria, de Franz Schubert. Fantasia é um espetáculo audiovisual de primeira classe, além de conter uma boa dose de magia que deixa todo mundo encantado.

Porém, apesar do filme ter sido bem recebido pela crítica, a popularidade do Mickey começou a cair em 1940. O ratinho mais famoso do mundo, no entanto, continuou fazendo aparições em curtas de animação até 1943, chegando a ganhar seu único Oscar por Me Dê uma Pata (1941). Entre 1946 a 1952, Mickey voltou a aparecer em curtas de animação.

A última edição regular de filmes Mickey Mouse chegou ao fim em 1953, com o curta The Simple Things. Nessa história, Mickey e Pluto (seu cachorro) decidem ir pescar e são importunados por um bando de gaivotas.

 

Televisão e Mais Filmes

Se antigamente Mickey era conhecido por seus trabalhos no cinema, durante a década de 50 a popularidade do personagem aumentou com suas aparições na televisão, principalmente, no Clube do Mickey Mouse. Dessa maneira, diversos de seus curtas-metragens foram relançados em formato de séries de TV. Em 1983, o personagem retornou à animação teatral com O Conto de Natal do Mickey, uma adaptação de Noite de Natal, de Charles Dickens, onde interpreta o papel de Bob Chatchit.

A animação “Fantasia” é uma das mais conhecidas e memoráveis do repertório midiático do personagem

Em 1990, Mickey fez uma participação no especial Os Muppets, no Walt Disney World. Aqui, ele encontra Kermit o Sapo, embora já estivesse estabelecido que dois seriam velhos amigos. Desde a década de 70, os Muppets sempre fizeram diversas referências ao personagem, tendo sido adquiridos em 2004 pela Walt Disney Company. Entre 1999 e 2004, Mickey apareceu em diversos longas como Aconteceu no Natal do Mickey (1999); Mickey, Donald e Pateta: Os Três Mosqueteiros (2004) e Aconteceu De Novo no Natal do Mickey (2004).

É Hora de Viajar, seu curta-metragem mais recente, foi lançado em 2013. Na trama, Mickey, Minnie e seus amigos Horácio e Clarabela decidem aproveitar um passeio musical de carroça. Mas o que era para ser um dia tranquilo acaba se transformando em uma grande confusão quando Bafo de Onça aparece e tenta jogá-los para fora da estrada.

Em suas história, Mickey é acompanhado por diversos e diferentes personagens, estando entre os mais comuns Margarida, Donald, Pateta, Pluto e Minnie

Durante os anos, inúmeras séries com o personagem-símbolo da Disney foram feitas, como As Aventuras de Mickey e Donald (1999-2000), o O Point do Mickey (2001-2003), o A Casa do Mickey Mouse (2006-2016) e Mickey: Aventuras sobre Rodas (2017-). Em junho de 2013, o Disney Channel passou a transmitir novos curtas do personagem, que tem em média três minutos. O animador Paul Rudish está à frente do projeto, incorporando elementos da década de 30 com um leve toque contemporâneo.

Em agosto de 2018, a ABC anunciou um especial de duas horas, transmitido em horário nobre, para homenagear o icônico personagem em seu aniversário de 90 anos. O programa, que foi ao ar no dia 4 de novembro, contou com vídeos curtos nunca antes vistos, além de percorrer toda a trajetória do ratinho e suas evoluções ao longo desses anos.

 

Quadrinhos

Após 15 curtas metragens de sucesso, a primeira aparição de Mickey em um quadrinho foi em 13 de janeiro de 1930, com arte de Ub Iwerks, criação de Winthrop “Win” Smith e trama creditada à própria Disney. Eventualmente, não demorou muito para que a Minnie se integrasse ao elenco das histórias em quadrinhos.

Walt Disney na presença de balões do Mickey, enquanto desenha algumas esboços do personagem

 

Após a saída de Iwerks, a Disney continuou escrevendo histórias em quadrinhos do Mickey Mouse, com arte de Win Smith. Porém, o grande enfoque do estúdio sempre foram as animações e filmes, de forma que Smith não ficou contente com a perspectiva de produzir os quadrinhos. Assim surgiu Floyd Gottfredson, um funcionário recém-contratado pela Disney. Inicialmente, fazer os quadrinhos seria um trabalho temporário até o retorno as animações, mas Gottfredson ficou de maio de 1930 até novembro de 1975 desempenhando a função.

A primeira tira que Gottfredson trabalhou foi Mickey Mouse no Vale da Morte, cujo roteiro começou a ser escrito por Walt Disney e ficou inacabado. Originalmente, essa aventura apenas incluía o Mickey e a Minnie, mas outros personagens acabaram tendo suas primeiras aparições nessa história: Clarabela, Horácio, Bafo de Onça, Sylvester Shyster (um advogado corrupto) e Mortimer Mouse. Em seguida, foi produzido Mr. Slicker e os Ladrões de Ovos, que apresentava Marcus Mouse e sua esposa como os pais de Minnie. Enquanto os curtas produzidos pela Disney tinham maior enfoque em comédia, os quadrinhos apresentavam um Mickey mais aventureiro, mesclando ação com aventura. Essa reprodução do Mickey divergia da versão retratada nos curtas, mas, mesmo assim, ele continuou aparecendo dessa forma em histórias em quadrinhos até o início do século 21.

Floy Gottfredson deixou suas marcas nas HQs do Mickey, criando histórias como Mickey Mouse Joins the Foreign Legion (1936) e The Gleam (1942). Outro artista que também deixou sua marca foi Paul Murry, da Dell Comics. Ele produziu sua primeira história com Mickey em 1950, mas somente em 1953 que Murry lançou The Last Resort, sua primeira série para Comics e Histórias de Walt Disney.

Na Europa, o ratinho se tornou a principal atração de várias HQs, tendo um destaque para: Topolino (Itália, 1932), Le Journal de Mickey (França, 1934), Don Miki (Espanha) e o grego Miky Maous. Além disso, de 1999 a 2001, Mickey foi o personagem principal da série MM Mickey Mouse Mystery Magazine, publicada na Itália. Já no Brasil, o primeiro personagem a ganhar as histórias em quadrinhos foi o Pato Donald, mas logo o ratinho conquistou o seu espaço. As primeiras HQs de Mickey foram publicadas pela primeira vez na revista O Tico Tico, em 1930. O personagem recebeu o apelido de Ratinho Curioso. Em 1952, ele ganhou sua revista mensal em que era chamado por seu nome americano: Mickey Mouse.

 

Walt Disney Wold

Não se pode negar a importância que Mickey teve para os estúdios da Disney, de forma que ele se tornou o mascote oficial da Walt Disney, desempenhando desde então um papel central nos parques da Disney, desde a abertura da Disneyland, na Califórnia, em 1955. Da mesma forma que acontece com outros personagens, no parque ele é retratado por um ator fantasiado e que não costuma falar. O Mickey já participou de várias cerimônias e desfiles, sem contar a popular atividade de fotografias ao lado do ratinho.

Além disso, ele também apresenta algumas atrações específicas nos parques da Disney. O Mickey’s Toontown, que pode ser encontrado na Disneyland e no Tokyo Disneyland, é uma terra temática que recria o bairro onde Mickey mora. Todos os edifícios foram construídos com o estilo de desenho animado, e os hóspedes podem conhecer as casas de Mickey ou da Minnie, o barco do Pato Donald e a garagem do Pateta. O Mickey’s Toontown costuma ser um lugar comum para conhecer os personagens.

O Mickey’s PhilharMagic, encontrado no Magic Kingdom, Tokyo Disneyland e Hong Kong Disneyland, é um filme em 4D que apresenta Mickey como um maestro sinfônico. Na Main Street Cinema, na Disneyland, é possível encontrar vários curta-metragens do ratinho que são exibidos em uma base rotativa, sendo uma das atrações o icônico Steamboat Willie. O Mickey Mouse também apresenta um papel fundamental do show Fantasmic!, realizado no final da noite na Disneyland e Disney’s Hollywood Studios, em que o personagem usa sua roupa de aprendiz de feiticeiro e ajuda a combater as forças malígnas de alguns vilões da Disney.

E como se tudo isso não fosse suficiente, ainda é possível encontrar imagens do Mickey em lugares bastante inesperados. Conhecido como Hidden Mickey, esta é uma representação do personagem inserida sutilmente em alguma atração, ou pintados em algum objeto. O mais comum é a formação de três círculos que podem ser percebidos como a silhueta da cabeça e orelhas de Mickey Mouse.

Os diferentes trações e versões do Mickey Mouse

Seja em filmes, quadrinhos ou em pequenas e sutis representações, não se pode negar o papel fundamental que Mickey Mouse continua desempenhando para a Disney e o marco da cultura pop que se tornou. O personagem ainda é muito amado e aclamado pelo público, seguindo anos a frente como o símbolo do império de magia de Walt Disney construiu.


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