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Criados durante a pandemia do COVID-19, alguns programas de podcast diversificam o meio com seus assuntos e formatos variados.


SSendo uma das mais democráticas formas de publicação de conteúdo, o podcast já ganhou espaço nos ouvidos do Brasil e do mundo. Nosso país é o segundo maior consumidor do formato, de acordo com dados do Spotify de 2019, um consumo que só cresceu em 2020: desde o início da pandemia, tanto o número de ouvintes quanto o número de produção de podcasts continuaram em alta.

Desde o início do distanciamento social, cada vez mais pessoas começaram a trabalhar e estudar de seus lares, confundindo-se, então, os espaços de lazer, trabalho e casa. Dessa forma, a audiência para os podcasts foi irrefreável. Você pode escutar enquanto pesquisa sobre um assunto específico, enquanto lava louça ou organiza a casa, durante seus exercícios físicos e, até mesmo, para pegar no sono.

Porém, é também verdade que podemos nos perder um pouco em meio a tanto conteúdo sendo feito. São conteúdos que te ajudam a investir seu dinheiro, outros te ensinam a como dialogar com sua família, contam sobre causos e teorias inexplicáveis, e, porque não, solucionam crimes a muito tempo sem respostas.

Muitas falas e muita gente querendo ouvir. Por isso, hoje venho indicar quatro projetos que surgiram em meio à esse tempo incerto pelo qual estamos passando. São projetos que trazem reflexões sobre a vida, visibilidade para quem está nos corres diários, análises divertidas sobre sua série favorita, e, mais do que isso tudo, uma forma de conhecer outras realidades e vivências, ali, a um clique e um fone de ouvido de distância.

Vamos lá?

 

Tempo de Ócio

“O que você faz com seu tempo? Que tal bater um papo tranquilo com pessoas interessantes? Vizinhos, alguém que conhecemos no ponto de ônibus, uma prima distante ou um professor. A ideia aqui é aproveitar nosso tempo para ter altos papos. É curtir nosso tempo livre.”

 

Cecília Parreira e Ana Baccarini, respectivamente / (Foto de: Rafaela Nassam)

Essa é a principal premissa do Tempo de Ócio, podcast criado por Ana Baccarini, publicitária, e Cecília Parreira, atriz e relações públicas, diretamente de Belo Horizonte, para o mundo. “A ideia veio da vontade de pôr em prática algo que preenche nossas vidas: conversas inspiradoras!”, conta a publicitária. “Sempre reparávamos o quão ricas podem ser simples conversas com pessoas que, às vezes, não conhecemos”, conclui.

Amigas de longa data, Ana e Ciça sempre tiveram o sonho de criar algo juntas, e tendo personalidades parecidas, não foi difícil para se juntarem e desenvolver o projeto. Tempo Ócio já possui mais de 12 episódios no ar, entre parcerias com projetos da cidade, a participação de pessoas desconhecidas.

O podcast também traz algumas personalidades de BH, como em “Quem tem vontade de ser famoso”, episódio que traz Pedro Calais, cantor e vocalista da banda mineira Lagum, e em “Falei Demais”, episódio que conta um pouco mais sobre a cena independente musical da cidade, com ClaraxSofia, Marcelo Tófani e Sest,  cantores da capital mineira.

E, apesar de ter sido criado em BH, as fundadoras de Tempo de Ócio aproveitaram as dificuldades do momento para expandir seus convidados. “Acho que o que houve de mais diferente foi, de alguma forma, a surpresa desses encontros. Quando idealizamos, gostaríamos que o podcast acontecesse pessoalmente, que tivesse a ver com uma conversa despretensiosa, como quando a gente encontra um velho amigo na rua. Mas o on-line nos surpreendeu, abriu porta para conexões que vem de longe. Já recebemos pessoas que moram na Bahia, na Austrália e por aí vai, e desmistificamos esse contato”, conta Ana.

Porque ouvir: indico esse podcast para você que está com saudades de sentar com amigos numa mesa de bar ou em reuniões na casa de alguém, que está a fim de ter aquelas conversas sem pé nem cabeça, mas não sabe como fazer isso sem ser presencialmente. Acredite, nos primeiros dez minutos, você já se sentirá parte daquele grupo. “Gostamos desse papo espontâneo que surge e, no fim das contas, todo mundo acaba ficando amigo”, conclui Ana.

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Z-OOM

Carolina Fonse e Pedro Lovisi, hosts do Z-OOM e estudantes de Jornalismo, não estavam satisfeitos com sua primeira tentativa de criar um podcast que, apesar de, tecnicamente, ter ficado satisfatória, não seguia bem a linha editorial sobre o que queriam falar.

Pedro Lovisi (Foto: Acervo) e Carolina Fonse (Foto: Paula Nardy), respectivamente

 

“Fizemos intercâmbio na mesma época, e gravamos um podcast sobre viagens, mas não era exatamente o que queríamos trazer”, conta Pedro. “Escutei a música Como Nossos Pais, e tive a ideia, então, de fazer um podcast sobre jovens e seus projetos. Tenho amigos publicitários criando marcas, amigos da área de economia criando perfis de mercado financeiro, começando a vida profissional de alguma forma, e me perguntei: Qual é a deles? Qual é a nossa? Vamos ser como nossos pais?”.

Com a premissa de trazer em cada episódio um jovem diferente, da “geração Z” (daí vem o nome, Z-OOM), que está envolvido em algum projeto, ou tem um sonho, uma iniciativa em ação, o podcast da dupla já tem 3 episódios disponíveis. “Nosso foco é escolher jovens que estejam se movimentando, querendo colocar ideias no mundo e agir”, explica Carolina. “Queremos falar sobre o processo, achamos que falta um pouco um conteúdo sobre jovens falando sobre seus próprios processos até chegar lá [ao sucesso]”.

O Z-OOM já trouxe em seus episódios jovens como Laura Brand, jornalista, editora e amante de livros, e João Cruvinel, cantor solo, para mostrar que não é o intuito do podcast ser um espaço para se falar sobre empreendedorismo jovem, mas sim, para trazer um material jornalístico e que sirva de entretenimento também, com temas divertidos e relevantes.

Porque ouvir: quando escutei pela primeira vez a produção da Carol e do Pedro, tive a sensação de que meus sonhos poderiam virar realidade. É muito importante que nós, jovens começando nossas carreiras e vidas no mercado de trabalho, escutemos e saibamos de experiências de outras pessoas que, assim como a gente, também estão nos corres diários para alcançar um objetivo final. “Não é como se pegássemos uma pessoa com muito sucesso e trouxesse pra falar com a gente de como é ter sucesso. São pessoas próximas e novas, que estão tentando ou aplicar algum conhecimento da faculdade no mercado, seguir a carreira dos pais ou lançar um sonho completamente novo e improvável e ver no que dá. […] Fazendo esse podcast juntos, vamos nos motivando ainda mais para continuar nosso projeto também”, conclui Carol.

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Boca do Inferno

Calma, não se assuste com o nome! Boca do Inferno é o podcast criado por três amigos, Sofia Soter, Gih Alves e Vitor Castrillo, que dividem o amor por uma série que teve grande influência em várias produções e conteúdos que vieram depois dela: Buffy, a Caça-Vampiros.

A série estadunidense de 1997 traz a história de Buffy Summers, a mais recente jovem em uma linha de mulheres conhecidas como Caçadoras, que são escolhidas para proteger a sociedade de vampiros, demônios e outros monstros do submundo. Assim, Buffy e seus amigos, conhecidos como “Scooby Gang”, combatem o mal enquanto vivem dramas adolescentes na cidade – fictícia – de Sunnydale, Califórnia.

Sendo fãs de carteirinha da série, os três sentiam falta de um espaço em que pudessem dissecar episódio por episódio, cena por cena, e comentar o que gostavam, curiosidades e teorias – com muita diversão e risadas. Assim, nasceu o Boca do Inferno, em pleno cenário de pandemia. “Eu tenho reparado pelo menos em mim um conforto maior de estar criando algo e conversando sobre uma coisa que eu amo nesse tempo.”, diz Vitor. “Tem me ajudado a lidar melhor e aliviar a cabeça nuns dias mais ruinzinhos”.

O podcast já conta com quatro episódios, e o intuito é fazer com que cada um deles seja dedicado à um capítulo da série, que tem sete temporadas. Em cada encontro, os amigos comentam cena a cena, dividem suas impressões sobre os acontecimentos, e, no final, trazem três quadros, o “Lixo”, o “Monstro” e o “Nos 90”, quando elegem qual parte daquele episódio mais se encaixa em cada um. “A gente se diverte horrores e ama muito Buffy, e é sempre legal ouvir gente que ama o que você ama conversar sobre aquilo!”, comenta Sofia. “Além disso, somos três pessoas com opiniões às vezes semelhantes, mas às vezes discordantes, e do mesmo jeito que é legal pra gente descobrir o que os outros dois pensam e refletir sobre detalhes e questões que não nos ocorreriam, é legal pra quem tá ouvindo ter esses pontos de interlocução pra pensar mais sobre uma série tão maravilhosa!”.

Ah, antes que eu me esqueça: tá, mas como explicar o nome desse podcast? Boca do Inferno vem do título em português do primeiro episódio da série, “Bem-vindos à Boca do Inferno”, e também faz referência à uma área que, na série, tinha suas barreiras entre as dimensões fracas, assim, qualquer monstro, demônio ou vampiro poderia andar livremente por entre os mundos.

“Mesmo quem nunca viu, eu recomendo que ouça, porque ouvir pessoas falando empolgadas sobre o que gostam me deixa feliz.” diz Gih. “Se você é uma pessoa que ganha energia com a empolgação das outras pelo que amam, então o Boca do Inferno é pra você”.

Porque ouvir: escutando aos episódios do Boca do Inferno, me teletransportei para meus tempos de ensino médio, quando assisti a todas as temporadas de Buffy em alguns meses, e me vi fã de uma série que, quando foi lançada, não fazia ideia de que existia! É muito legal a experiência de revisitar certos momentos da sua vida, e, mais do que isso, encontrar pessoas que gostem das mesmas coisas que você, mesmo que essas coisas sejam antigas ou pouco divulgadas hoje em dia. Buffy foi uma série ótima de acompanhar, e aprendi muitas lições de vida com a Scooby Gang. Se você já assistiu, sabe do que estou falando, e, se não assistiu, que tal dar uma chance pra essa série super legal e, porque não, vintage?

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Ai de mim que sou…

Tendo em sua essência enxergar romance em qualquer coisa e sofrer, sete amigas criaram um podcast para falar sobre, bem, o romance das coisas. E o nome já diz tudo: inspirado na frase de Rita Lee, “Ai de mim que sou romântica”, o podcast nasceu como uma ideia de trazer a mesa redonda que já acontecia no blog Na Terra do Nunca, em que as amigas conversavam sobre filmes, séries e livros, para o áudio, criando uma dinâmica mais divertida e aproximando também, de alguma forma, o grupo com seus leitores.

Ai de mim que sou… traz a noção de que podemos ser e somos variadas coisas, e que falaremos de variadas coisas, mas a essência romântica está e estará sempre na base de tudo”, explicam Nathália Campos e Gabriela Barbosa.

Ai de mim que sou… já conta com dez episódios no ar, e, entre eles, encontram-se discussões sobre triângulos amorosos, o estereótipo da “mulher forte e empoderada”, One Tree Hill, novelas, entre outros. Cada episódio, em geral, conta com a participação de suas sete integrantes fixas, espalhadas por todos os cantos do Brasil: Gabriela Barbosa, Nathália Campos, Layana Silva, Vanessa Reis, Marina Kool, Letícia Favero e Isabella Calmon.

E o que as une? A resposta está em suas vidas pessoais e românticas: são mulheres de 20 a 30 anos, que amam comédias românticas, musicais, cultura pop, e estão tentando, de alguma forma, se encontrar na vida. “Nós não somos perfeitas, nem temos doutorado nos assuntos que abordamos, e produzir esse tipo de conteúdo não é nossa intenção”, as meninas explicam. “Por mais clichê que possa soar, e somos defensoras dos clichês, nós só buscamos falar com paixão e verdade sobre as coisas que a gente ama e acredita, e isso exige uma vulnerabilidade absurda. E ficamos muito felizes quando outras pessoas nos escutam e dizem que se identificam com o que vivemos e dizemos, porque acho que no fim o que importa é isso. Nas alegrias e nas tristezas, a gente descobrir que não está só.”

Com a pandemia, o momento de descontração das amigas acabou tendo um resultado divertido e engraçado. “A questão da quarentena limitar nossas expansões “externas” acaba nos forçando a encarar a própria energia criativa e utilizá-la de outras formas. Inclusive, botando em prática algo que até então a gente enrolava pra começar”, explicam Gabriela e Nathália. “O mundo tá um caos, tudo é muito assustador, e essa foi nossa forma de nos expressar e encontrar algum poder de agência no meio dessa loucura toda: falar sobre o que a gente gosta, nos divertir, criar algo novo”.

Porque ouvir: se eu pudesse, faria inscrição para entrar no grupo das Ai de mim que sou…, pois são meninas-mulheres tão legais e espontâneas, que, as vezes, escutando elas falarem sobre o ship preferido ou aquela personagem que não gostam tanto, me sinto pertencente nesse grupinho! Como se fossem minhas amigas de longa data, e que, ali, eu poderia falar livremente minhas opiniões – surtadas – sobre filmes, séries e livros, e isso gerar uma discussão engraçada. “Nossa intenção para qualquer pessoa que escute esse podcast é apenas que se sinta fazendo parte de uma conversa entre amigas”, Nathália e Gabriela falam. “Amigas meio doidas. Meio escandalosas, às vezes. Mas inteligentes também. Amigas com opiniões ora polêmicas, ora batidas. Amigas que não se levam muito a sério. Amigas… com mais de uma camada. Das que você encontra na vida real”, concluem.

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