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"As Panteras" triunfa por ser um filme bem executado, com um trio de protagonistas fortes e um longa engraçado e cheio de ação.

É bem provável que o novo As Panteras (2019) seja o resultado dos meus pedidos subconscientes e deles apenas. Na época do anúncio do filme, o mundo fez questão de deixar claro que ele não pediu por esse novo capítulo da franquia. Mas, talvez, se ele se der a oportunidade de ir ao cinema checar o resultado desta investida, há grandes chances desse discurso mudar.

Nesta nova versão dos Anjos de Charlie, a Agência Townsend tornou-se uma força internacional, com ramificações em diferentes cidades do mundo. Pantera e Bosley viraram cargos, resultado do saldo positivo deixado pelas administrações passadas. Sim, temos em mão uma sequência para os eventos da série As Panteras (1976-1981) e da duologia cinematográfica As Panteras (20002003) – o que naturalmente abre espaço para a cota de referências.

Poster nacional

As Panteras (o filme de 2019, tá?), no entanto, vai muito além da nostalgia e entrega um filme de saldo positivo. Em sua segunda investida como diretora, Elizabeth Banks (que também interpreta uma das Bosley) sabe trabalhar com o que tem em mãos para construir um universo que balanceia bem o que já existe e o que está prestes a existir. E também responsável pelo o roteiro, a diretora tem em mãos em uma história com sacadas inteligentes, um humor certeiro e cenas de ação e espionagem que se entendem do início ao fim – entregando o compilado de uma forma compassada.

Mas Banks não está sozinha no bom trabalho que faz, tendo a participação de um elenco igualmente talentoso. Em suas respectivas personagens, Kristen Stewart, Ella Balinska e Naomi Scott são facilmente diferenciáveis e igualmente únicas. Sabina é naturalmente engraçada, faminta e flertiva. Jane é durona, um tanto solitária e muito boa de combate. Elena é extremamente inteligente, um pouco inocente e muito determinada. Cada um tem seu espaço de mostrar suas qualidades individuais assim como a oportunidade de demonstrar a capacidade de trabalhar em equipe, em um relacionamento profissional que aos pouco vai se tornando simbiótico e transcendendo para o aspecto amigável.

Kristen Stewart, vale frisar, é quem rouba as cenas. A atriz é o grande alívio cômico do filme e sua personagem entrega todas as piadas que são jogadas à ela. Kristen parece estar em seu habitat natural e faz com que o público nunca a perca de vista, comprovando que ela não só tem um timing cômico perfeito, como também diferentes expressões faciais.

Da esquerda pra direita: Naomi Scott, Kristen Stewart, Ella Balinska e Elizabeth Banks.

Em outra investida, é interessante perceber como o roteiro de Banks trabalha com o girl power e o feminismo, trazendo esses discursos organicamente diluídos na narrativa. Sim, há muitas falas das personagens fazendo declarações do poder feminino, mas há ainda mais demonstração do quanto mulheres são f*das e capazes de cair no mão-a-mão com homens. Uma das grandes sacadas do filme é transformar em vantagem o que significa ser mulher a partir de uma perspectiva machista e misógina. A cena de abertura e a luta final vão explicar perfeitamente isso. A primeira, de uma forma mais didática, e a segunda de uma forma mais visual.

E para completar o quarteto feminino, o elenco masculino faz o necessário trabalho de ajudante ou saco de pancadas. Os destaques ficam com Patrick Stewart, Sam Claflin e Jonathan Tucker. O primeiro é o Bosley original e incorpora em seu personagem a principal cena de referência da franquia. O segundo faz um personagem que zomba do sexo masculino em um CEO crianção e caricato. O último toma o lugar que normalmente seria de uma mulher e permanece mudo por todo o filme.

Mesmo que esteja no meio da onda de reboot e sequências, As Panteras consegue se destacar por ser um filme bem executado. Fica difícil sair do cinema sem dar uma gargalhada ou sem um sorriso no rosto. Fica mais difícil ainda sair sem a expectativa de querer ver um pouco mais.

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