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"Lady Bird" é um filme simples, mas que nas mãos de Greta Gerwig ganha camadas e é embalado positivamente pela protagonista, Saoirse Ronan.

Apesar de todos os elogios que tem recebido, Lady Bird – A Hora de Voar (2017) não pode ser reduzido somente a classificação de “um dos melhores filmes de coming-of-age da história recente” devido ao seu alto poder de empatia a qualquer espectador. Essa força de identificação que o filme transmite ao longo da projeção podem ser atribuídas a diversos fatores, mas principalmente à delicadeza com que a diretora e roteirista Greta Gerwig trata os temas do longa, alem das ótimas atuações que tornam todo tocante texto de Gerwig ainda mais natural. Ao final, Lady Bird não é só um dos melhores coming-of-age da história, mas também um dos filmes mais humanos e identificáveis dos últimos anos.

https://www.youtube.com/watch?v=cNi_HC839Wo

Toda qualidade do longa parte, inicialmente, de uma premissa muito simples: situado no início dos anos 2000, acompanhamos a jovem excêntrica Christine “Lady Bird” (Saoirse Ronan), que vive a ansiedade de ser aprovada em uma faculdade distante da pequena cidade de Sacramento onde vive e sonha em sair. Nesta jornada, presenciamos as situações mais comuns do dia-a-dia da jovem, que vão desde suas aulas no colégio religioso, as suas amizades, o abrochar de sua sexualidade, a conturbada relação com a sua mãe e os anseios de ser aprovada na faculdade. Com uma história semi-autobiográfica, Gerwig cria um texto intimista e muito autêntico, trazendo um frescor para o filme de ansiedades juvenis que Lady Bird assume ser, encapada por uma estética indie e uma ótica feminina singela e muito particular. Existem os tradicionais temas e comportamentos que se esperam de adolescentes, como o comportamento rebelde gratuito ou a falta e maturidade para enfrentar sentimentos e conflitos da vida adulta, mas todos são trabalhados com bom humor e leveza pela diretora.

O trabalho de Gerwig é impressionante, principalmente ao pensar que está a sua estreia como diretora, entregando um filme com ritmo (graças, também, a montagem ágil mas não apressada), uma narrativa bem construída e cenas que capturam toda a naturalidade necessária para um filme tão humano como Lady Bird é. Ainda, Gerwig demonstra um domínio da linguagem cinematográfica ao fechar seu longa-metragem com uma sequência de planos de passagem de tempo que remetem a um momento inicial do filme, criando uma relação poética de progressão na vida e na maturidade que sua protagonista passa. É um desfecho poético, com uma abordagem madura, intima e muito verdadeira.

Se a narrativa flui organicamente e as sensações que o filme passa são muito empáticas, Saoirse Ronan merece o devido reconhecimento por sua atuação. Peculiar, com personalidade forte e intempestiva, a jovem atriz dá vida à adolescente de 17 anos com perfeição, tornando o turbilhão de emoções que essa fase da vida pode ser ao mesmo tempo desconfortável e singela. A dinâmica entre Lady Bird e sua mãe, interpretada por Laurie Metcalf, também é extremamente orgânica e real, contribuindo para que os receios e cuidados da mãe (às vezes interpretados como conflitos) sejam naturais e críveis, evidenciando o conflito sentimental de ser mãe. O elenco de apoio também se sai bem, mesmo com menos para fazer, valendo mencionar os ótimos Lucas Hedges e Timothée Chalamet e a engraçadíssima Beanie Feldstein.

Ao final de sua rápida e gostosa projeção, Lady Bird deixa um sentimento de intimidade e realismo construídos com perfeição e sem artificialidade, graças a toda identidade intimista e humana que sua diretora coloca nas escolhas de como dar vida a essa história. Se a protagonista aprende que para crescermos não devemos fugir mas sim enfrentar, a escolha visual com que Gerwig evidencia o aprendizado ajudam a encerrar o longa com um tom poético muito bonito. Tão bonita quanto a as pequenas coisas naturais da vida que o filme consegue capturar.

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