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"Círculo de Fogo: A Revolta" não consegue manter o mesmo nível do primeiro filme, em um longa de atuações medianas e soluções preguiçosas.

“Círculo de Fogo: A Revolta” não consegue manter o mesmo nível do primeiro filme, em um longa de atuações medianas e soluções preguiçosas.


OO longa-metragem que fez os amantes de seriados japoneses dos anos 80 sentirem novamente o gostinho de batalhas épicas entre robôs gigantes e monstros colossais ganhou a sua esperada continuação em 2018. Com referências claras, volta de personagens conhecidos e confrontos grandiosos, Círculo de Fogo: A Revolta não perdeu a sua essência ao arquitetar uma nova história entre Jaegers e Kaijus, mas também não conseguiu apresentar novidades a ponto de superar o seu antecessor.

Dez anos após os acontecimentos de Círculo de Fogo (2014), o planeta Terra parece viver um período de relativa calmaria. Graças ao sacrifício dos pilotos Stacker Pentecost (Idris Elba) e Chuck Hansen (Robert Kazinsky), a fenda que possibilitava a entrada dos alienígenas gigantescos ao nosso mundo foi selada. Entretanto, isso não fez com que o programa militar responsável pela construção de Jaegers – a Pan Pacific Defense Corps – fosse desativada.

Ao contrário de seu pai, Jake Pentecost (John Boyega) não escolheu a vida militar. O protagonista se envolve no submundo do crime ao se transformar em um negociador clandestino de peças de antigos Jaegers destruídos pela última guerra. Dono de uma invejável cartilha de antecedentes criminais, Jake é preso mais uma vez junto com a pequena órfã Amara Numani (Cailee Spaeny), uma construtora de Jaegers prodígio. Desta vez não há como Pentecost fugir do destino de sua família. Após acordo com as forças armadas, o ex-cadete é obrigado a trabalhar como instrutor na escola da PPDC. Amara é também levada como recruta, já que as suas habilidades impressionaram a alta cúpula do programa militar.

Assim como no primeiro filme, Círculo de Fogo: A Revolta também explora o árduo treinamento dos pilotos, as lembranças do passado e as dificuldades do emparelhamento cerebral, mecanismo essencial para o controle dos Jaegers. A narrativa é interessante ao apresentar a dualidade de motivações vindo dos personagens principais, mas que acabam se convergindo inevitavelmente. Enquanto Jake tenta (em vão) não dar a mínima para o legado do pai e a carreira militar, Amara demonstra a todo momento a vontade de se provar dentro da academia.

Da esquerda para a direita, no centro da imagem: Amara (Cailee Spaeny), Nate (Scott Eastwood) e Jake (John Boyega)

Jake, Amara e os demais pilotos voltam a enfrentar Kaijus após Dr. Newt Geiszler (Charlie Day), cientista especialista em morfologia alienígena, se envolver tanto com a raça de monstros a ponto de ser mentalmente controlado por eles. Newt manipula os experimento de uma grande corporação chinesa especializada em robótica e acaba possibilitando a entrada de três poderosos Kaijus no Japão.

Ao entender que a franquia Círculo de Fogo é inspirada em produções japonesas do ramo como Power Rangers, Jaspion, Godzilla e Evangelion, o filme cumpre bem o seu papel ao entregar cenas de ação bem elaboradas, ricas em detalhes, cores e movimentos espalhafatosos. Os Jaegers da nova geração empolgam com uma diversidade maior de armamentos, bombas, mísseis e mecanismos ofensivos durante as batalhas. Os Jaegers Guardian Bravo, Titan Redeemer, Gipsy Avenger e Saber Athena não ficam atrás dos seus antecessores Striker Eureka, Crimson Typhoon, Cherno Alpha e Shaolin Rogue. Dão conta do recado!

A estrutura narrativa segue a cartilha desses seriados tradicionais. As atuações exageradas, os diálogos cheios de clichês e as cenas extremamente previsíveis são facilmente perceptíveis, além de que o diretor Steven S. DeKnight parece não ter tido preocupação em explorar de forma profunda as motivações de cada personagem. Isso explica o fato de Jake, Amara e companhia serem pouco desenvolvidos e complexos, apresentando backgrounds bem rasos. Os estímulos de Dr. Geiszler, por exemplo, nos são apresentados em pouquíssimas linhas.

As atuações são medianas e não comovem tanto. O roteiro criado por DeKnight, Emily Carmichael, Kira Snyder e T.S. Nowlin, ao menos, surpreende ao evidenciar o verdadeiro “vilão” da trama. A solução da história, entretanto, é mais do mesmo. E bem parecido com o desfecho do primeiro filme. Já a trilha sonora conta com algumas surpresas que chegam a arrancar gargalhadas em determinados momentos.

Comandando somente a produção desta vez, Guillermo del Toro deixa a sensação de que a continuação poderia ter sido melhor caso estivesse em suas mãos a direção do longa. Vencedor do prêmio de Melhor Direção e Melhor Filme no Oscar 2018 com A Forma da Água, é bem provável que o cineasta mexicano pudesse ter dado um ritmo diferente e mais fôlego à franquia Círculo de Fogo.

O novo duelo entre Jaegers e Kaijus, no entanto, não ilude o público. Não promove falsas esperanças. É construído em torno das cenas de ação, se contenta com essa proposta e por isso cumpre o seu papel com maestria. Méritos para a cinematografia de Dan Mindel e edição de Dylan Highsmith e Zach Staenberg. Embora Círculo de Fogo: A Revolta não tenha apresentado novidades e tenha se saído pior que o primeiro longa, ainda é uma boa pedida para aqueles que buscam entretenimento, porrada entre colossos e destruição em massa. E fique sossegado. Ainda é melhor que Transformers.


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