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"Caso 39" tem uma boa premissa com uma criança fofa que esconde uma essência demoniâcia, mas peca no desenvolvimento da ideia na narrativa.

Quando um filme de terror envolve uma criança, já sabemos que não é para confiar no rosto angelical ou olhar inocente. Se fosse qualquer outro gênero, a personagem infantil em questão seria uma grande vítima, mas não é bem assim. Em Caso 39, a pequena Lilith Sullivan (Jodelle Ferland) chama a atenção do Conselho Tutelar por uma queda repentina nas notas e grandes brigas em casa. Quando a assistente social Emily Jenkins (Renée Zellweger), vai visitar a casa e conhece os pais Margaret (Kerry O’Malley) e Eddie (Callum Keith Rennie), começa a desconfiar que o lar não seja adequado para Lily. Vendo a casa caindo aos pedaços, a mãe retraída e com aparência péssima e o pai claramente cheio de raiva, Emily faz de tudo para tirar a criança de lá.

Um dia, Margaret e Eddie tentam colocar a filha dentro do forno, mas são impedidos pela assistente social, que passou seu número de telefone para a criança. Os dois são presos em um hospital psiquiátrico (por motivos óbvios) e Lily insiste em morar com Emily ao invés de ficar em um orfanato, pois é a única pessoa em quem confia. É nesse momento que o espectador pensa “é possível que ela vai ser tão burra assim?”. Claro que ela vai, é um filme de terror.

O comportamento doce de Lily muda subitamente e várias mortes começam a acontecer. Emily não demora muito a desconfiar que há algo de errado com a garota, mas não consegue muito bem identificar o que é. Ela começa a acreditar que os pais estavam certos ao dizer que ela era terrível e vai buscar ajuda com eles.

Caso 39 é bem instigante e consegue prender a atenção, principalmente pela mudanças de comportamento de Lily. As suas variações entre  “boa” e “má” são bem rápidas e relativamente imprevisíveis, o que torna mais emocionante. Contudo, há pouca ação que não causa tanto medo ou desconforto, com exceção de algumas poucas cenas. Quando se trata de um filme de terror, quero ter essas sensações em grande parte do filme, não em somente 15 minutos.

Enquanto Jodelle Ferland foi muito boa como criança diabólica, Renée Zellweger desempenhou muito fracamente seu papel de assistente social. Sua atuação foi marcada por grande apatia e passou bem despercebida em contraste com a garotinha ou com os atores que interpretaram seus pais (Kerry O’Malley e Callum Keith Rennie). Ainda que tenham aparecido pouco, conseguiram passar uma boa mensagem de “doidos”, principalmente com gestos e olhares.

Ainda falando sobre o elenco, as expectativas ficaram bem altas ao ver que Bradley Cooper estava escalado, como Douglas Ames, o psicólogo do Conselho Tutelar. Infelizmente, ele tem pouco espaço e somente uma grande cena, que ganhou atenção pelos efeitos visuais.

Outro ponto negativo é que, quando a tensão finalmente é formada, o filme termina, e de uma maneira bem previsível. Não tem nenhuma novidade ou cena “de deixar o queixo caído”. Existe, no entanto, um final alternativo que saiu nos DVDs e também está disponível no Youtube. Essa versão de Caso 39 é, sem dúvidas, bem melhor que a oficial e combina bem mais com a trama, dando aquele arrepio que o espectador tanto procura.

LILITH
Para quem gosta de curiosidades e simbologias, Lilith é um nome que aparece em várias mitologias e culturas e é tido como o primeiro espírito feminino na Terra. Na Babilônia, era um demônio num corpo de uma mulher e morava no inferno. Na Mesopotâmia, era um demônio noturno do sexo feminino. No judaísmo, ela foi a primeira mulher de Adão, que não aceitou ser submissa ao marido, fugiu do Jardim do Éden e se transformou em um demônio. Ao longo dos séculos, independente das crenças, Lilith foi associada a coisas negativas, como depravação, inferno, rebeldia, doenças, morte e até roubo de bebês. Seu nome só foi ganhar uma carga positiva na filosofia Wicca, sendo muito poderosa e invocada para poder, sedução e sabedoria. A partir dos anos 60, Lilith foi ressignificada e virou um dos ícones dos movimentos feministas, por ter sido considerada algo/alguém que lutava contra o patriarcado e a favor da igualdade de gêneros e prazer feminino.

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